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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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domingo, 12 de outubro de 2025

Sobre dozes de outubro, coragem e botões




 De certo fui eu que perdi a Kodak Instamatic Flash Cube de botão disparador laranja, essa foto aí foi tirada com ela, como todas as outras da infância. O flash parecia um cubo de gelo, a brecha perfeita para brincar. Já procurei em tantos lugares uma igual... Nada. 


De repente me veio que o que eu buscava mesmo era o botão laranja. A falta do flash que se perdeu primeiro só deixou as imagens mais bonitas. Porque é isso que procuramos depois que crescemos, o botão laranja da inocência corajosa: vai, pode ir, é seguro ser você sem artifícios, é seguro sorrir, 1, 2, 3, xis e click


Entendi que não precisamos mais sentir culpa por aceitar a severidade em lugares onde ela não cabia, que o botão laranja agora é dentro, a coragem alegre de ser a imagem fiel da espontaneidade. 


A severidade é prática, mas para os dentes, não escova pra ver! É boa para atravessar uma rua, para não brincar com facas afiadas ou com os sentimentos do outro. Pode ser boa para antes de algumas escolhas. Em outras, já nem se parecem com escolhas, são sorrisinhos mornos bem dentro, lugar comum que só se atravessa. 


Botões laranjas servem para quando nos esquecemos de atravessar. 


Na foto, o Opala do meu pai (que adoeci quando foi vendido e estrela da foto?), a ladeirinha de paralelepípedo da casa da minha avó materna em Itatiba (linda cidade), a Flamboyant que ainda não havia florido e eu florida de mim. Click.

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