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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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domingo, 29 de maio de 2011

Estado de domingo


Estou como as folhas para o vento...
E a paz esta para o peito... Como os pássaros para o céu. 
A liberdade para as chaves como o silêncio para o bem-te-vi.
Os bosques estão para passos, como o escorregador para o bumbum das crianças...
O chapéu esta para a cabeça porque o vento não esta para pente!
O olhar para livro, como o a buzina para o vendedor de algodão doce.  
Hoje o parque é para domingo. Porque os patos estão para os miolos de pão.
E as pipas no céu passeiam cúmplices como o cão na coleira do idoso. 
É que a manhã esteve para o meu acordar como uma janela para uma casa...






      

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Bem querer

Não havia nenhum interesse. A combinação entre as letras e os sentimentos parecia desfocada do mundo real. Enquanto os olhos imaginavam a quentura das mãos e os sorrisos despretenciosos colados e alinhados em um beijo. Imaginação. Assim que tomei coragem persisti naquele pensamento imaturo e sem perspectiva racional.
Tarde demais. Desenhei a voz melodiosa, os dedos pulsando sobre o violão e uma música aninhando o carinho que já não podia ser camuflado por mais tempo. A combinação de borboletas aninhadas no estômago era imparcial diante das maritacas gritantes presentes ali, no buraco do peito. Um misto de inacabado, uma esperança fora do comum. Mesmo assim pedi silêncio, o alvoroço instalado no caos dos acontecimentos berrava uma alegria, dessas que não se esconde dos olhos. Engoli a sentença justa e proporcional de uma guerra que acabara de se instalar diante de minha súplica confusa e assustada.
O que mais poderia me acometer? Um sentimento moldado silenciosamente, o suspiro preso no travesseiro e o contentamento aprisionado por um sonho deserto, entre linhas e desassossego diurno de um amor planejado no outono.
E quem planejou? Se não o acaso escondido entre as páginas de um livro ou a conformidade com o drama. A sobrevivência parece fácil. Vista do lado de fora. O coração pede efeitos especiais, faz acrobacias, brinca de palhaço, se pinta de fácil. Mas o que penetra é lento. Veneno, sonífero e miserável aos olhos de quem não pode tocá-lo. Enquanto a porta se fecha nos detalhes. Vou embora sem me tornar o meu melhor personagem. Fiquei frágil, petrificada diante do seu carinho e tive a necessidade de me esconder. Dos percalços, dos destroços derrubados por mim. Ninguém assim tão de longe, me teve assim tão perto. Cabe aqui alguns sussurros, algumas pieguices e nenhum vestígio de sorte. Você nunca veio de verdade, mas já é metade dos meus silêncios. É, pareço estranha, porque invento tua voz. Fantasio palavras tuas, feito pensamento, telepatia, distorção, rima e violão.
Me conta tuas dores. O que tem por dentro dos teus olhos, além do mistério que me toma pelas mãos. Me leva para as tuas histórias, dentro dos teus rascunhos proibidos, das tuas idas e vindas. Me conta um segredo e pulsa comigo no ritmo da nossa futura canção. A mesma que inventei hoje pela manhã, aquela que você nunca tocou, mas resmugou sozinho soprando na imaginação do meu bem querer.




Daí eu disse à Juliana:
diacho, essa foi dentro,
 bem dentro. Só você me transcreveria. 
Tá acontecendo bem isso aí com
 essa (de queixo caído) que vos fala.
Disse ela: Então fica de presente, tá?!
 Pega pra você Zi, como se fosse tua história...
Eu: lindo refrão para um começo de história. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Como o horizonte para os pássaros


E então eu me pergunto: Qual é a guerra? Existem pelo menos algumas centenas de chances que se levantam todos os dias com o amanhecer e sem que ninguém ouça, elas tramam um jeito de nos agarrar pelos olhos. Então eu simplesmente não vou mais chorar. Porque enquanto meus dedos acarariciam a terra ou as gotas de chuva formam cirandas sobre as poças, a vida acontece de forma milagrosa, todo-sempre. O orvalho continua sua prosa com as pétalas todas as manhãs. O velhinho despreocupado com seu cão mais apressado passeiam pela rua. A mãe divide a comida com os filhos. Vejam, na última página do jornal, numa imagem pequenina, um bombeiro oferece água ao filhote de urso salvo do incêndio! O time que perdeu. A chuva de estrelas cadentes. O filho que não volta para casa. Justificar é a guerra. Tudo o que alguém não pode ser ou deveria ter sido nos devora e enrouquece. Porque olhar nos olhos é o mais íntimo que podemos chegar de alguém e aconteça o que acontecer, já sabemos. Já fomos tocados. O silêncio é a gente. Só que maior. Eu só sei isso, só sinto isso. A vida é a chance. Encontrar um culpado quando o que mais queremos, mais que tudo no mundo é estar de mãos dadas, assistindo o céu da varanda, com todos os defeitos que possamos ter, é a guerra. Esse silêncio que somente parece dizer não, é a guerra. Porque pela madrugada, sozinhos, algo dentro da gente ainda parece pedir um abraço!



Imagem feita pelo fotógrafo Terje Sorgjerd em suas 170 horas sobre a montanha El Tiede na Espanha.




'Quando o dedo aponta para o céu,
o idiota olha para o dedo.'

do filme: o fabuloso destino de Amelie Poulain