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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ode à espera


Pode parecer loucura mas passei a assinar meus bilhetes com uma bela carimbada do dedo polegar, imaginando quem pudesse descobrir a verdade por trás do escrito.

Mas quem os encontrava, primeiramente pensava - e essa agora?!


Tempos longos... No armário de comida, os grãos organizados em cromática escalação. O gato quase aprendendo a falar ou eu a miar.
Uma fornada de biscoitos esfriando sorridentes no fogão. Atravesso o corredor de olhos fechados e julgo um feito chegar até o quarto sem dar nenhuma topada. Na quina da porta um Louva-Deus gesticula admiração. É impressão ou as paredes avançaram vida adentro? Um quadro pensa o sol preguiçoso entardecendo jasmineiros e as nuvens formando borrão... De perto tudo é tão maior... Um distinto inseto se apresenta ao nariz do cão. Cinco Beija-flores arruaçando, bem uns seis Bem-te-vis voando e um Canário triste na gaiola do Alemão. Um ensaio de voo na sombra dos braços abertos e fico gaivota. A joaninha apressada na pétala, quer conversa não. 
A vida espia com suas absortas sobrancelhas. 

A lua tem mesmo um aroma azul-cintilado ou é Monet querendo causar impressão? Para fazer a cama, capricho nas dobras do lençol. Mas se eu me deito, os olhos acordam. Coração palpita no portão...








Fotografia | Ziris