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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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sábado, 20 de agosto de 2011

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E quando não mais sobrar um suspiro de entrelinha, que o tempo me guarde a última nota deste teclado mudo que sonha ser piano...

Botão

Já contei um dia sobre ficar dependurada de ponta cabeça por uma letra, de uma carta recebida e tão esperada. Mas nunca contei sobre fotografias...

Alí  parada, com o afortunado retrato nas mãos, deixei que aos poucos meus olhos deslumbrados abandonassem o ambiente estranho do momento.
Algumas crianças felizes posavam frente ao jardim de flores bem cuidadas de minha mãe, da nossa casinha tão pequena de paredes amarelas e janelas marrons, do carro antigo em sua pintura espelhada, o mimo de meu pai!
Eu não, não estava. Menos ainda registrando o momento, pode ser que eu corria pelo quintal, eu corria muito. Ou subia no pé de feijão andu a descarcar-lhe os grãos, fabricando meus brinquedos e lembranças para hoje. Será que num dia daqueles alguém contou até dez de olhos fechados e eu me escondi tão bem que nenhum amigo ainda conseguiu me encontrar? Ou foi o tempo com seu relógio, que num dia desses felizes, me fazia correr tanto que meus pés mal podiam tocar o chão?
Hoje entendo porque instintivamente não gosto de relógios. Gosto de retratos. Esse botão do tempo. Os relógios só servem para marcar a pressa, nos fazendo correr com vontade de ficar e na mais nostálgica das hipóteses, voltar! Eu voltei, alí parada. Meu era uma vez...
Perguntei a mim menininha, se podíamos relaxar o passo para nossa alma nos alcançar…

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pois como as cartas, os poemas necessitam encontrar seu destino

Ando distância. Já não tenho pressa, tenho fome. Pois tens por dentro de mim este poder de reticência.
Eu, o poder de vírgula, quando estico este pequeno sonho por toda extensão de minhas asas e decolo. Tua imagem gravada em meus olhos entressonhados. Teu sorriso clandestino eternizado na película.
Desfolho teu olhar, como versos distraídos que ainda não os sei. Sem imaginar que encontrarei trovões por dentro deles. Então empurro teu olhar com o desejo do meu para salvar-me do abismo de te ver. Fui atingida. Visto vermelho em meio a paisagem branco e preto. Me sobra a rua e seu silêncio de árvores  e de um destino tão desalinhavado.
E se te fecho os olhos é para iludir um tanto essas tonturas. Pois sempre que o persigo, meus dedos voltam manchados de espera.