Plantão extraordinário
Lado a lado na calçada, o vira-latas descabeladinho lhe sorri com os olhos negros e abana o rabo euforicamente, como se ambos estivessem a caminho de um rodízio de carnes, presença esta que o bêbado, obviamente, não percebe. Dá alguns passinhos sóbrios para frente e olha para o dito, como quem diz - podemos ir. Nada. Abre o farol, fecha o farol, nova tentativa. Nada.
E começa a latição.
Até os cães têm mais o que fazer, faça-me o favor! Nada. Latidos, linguão de fora, corridinhas até o meio da rua demostrando que dava pra ir, alguns pulos, saltos, duplos twist carpados, tango... Nada, nada, nada. O bêbado desiste e senta no meio-fio.
Moral da história: a natureza nos ensina os caminhos todos os dias, mas estamos bêbados demais para enxergar.