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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

24.11.25

 


Eu gostaria de me dar um verso de aniversário. Mas depois decidi juntar uns trecos, trechos, essa carta e cacos brilhantes. Eu realmente preciso me agradecer, eu não sei o que teria sido sem uma ousadia timida e tão mansa que nem eu dava muito por ela. Que eu jamais me engane novamente sobre isso.


Espiei em cada caco meu espatifado, minha imagem inteira. É impossível partir a essência. O mundo tentou, mas eu aprendi a brincar com ele. Era apenas uma criança ferida. Ele só precisava de inocência. Inocência e ousadia. O que era caco virou espelho d'água. 


Eu não sei o que seria se não tivesse sido assim, nessa constelação, na inquietação pacífica e inconformismo. 


Quando menina eu gostava de grudar na minha avó, mas eu era inquieta e volta e meia ela me mandava (certa ela) voltar pra minha casa. E eu dizia: só por desaforo eu vou lá outra vez. Pra ela, a autenticidade dela, a firmeza dela, a doçura dela. Ela me lembrava do que não pode morrer. 



Dessa vez, por desaforo, eu voltei pra mim.


domingo, 12 de outubro de 2025

Sobre dozes de outubro, coragem e botões




 De certo fui eu que perdi a Kodak Instamatic Flash Cube de botão disparador laranja, essa foto aí foi tirada com ela, como todas as outras da infância. O flash parecia um cubo de gelo, a brecha perfeita para brincar. Já procurei em tantos lugares uma igual... Nada. 


De repente me veio que o que eu buscava mesmo era o botão laranja. A falta do flash que se perdeu primeiro só deixou as imagens mais bonitas. Porque é isso que procuramos depois que crescemos, o botão laranja da inocência corajosa: vai, pode ir, é seguro ser você sem artifícios, é seguro sorrir, 1, 2, 3, xis e click


Entendi que não precisamos mais sentir culpa por aceitar a severidade em lugares onde ela não cabia, que o botão laranja agora é dentro, a coragem alegre de ser a imagem fiel da espontaneidade. 


A severidade é prática, mas para os dentes, não escova pra ver! É boa para atravessar uma rua, para não brincar com facas afiadas ou com os sentimentos do outro. Pode ser boa para antes de algumas escolhas. Em outras, já nem se parecem com escolhas, são sorrisinhos mornos bem dentro, lugar comum que só se atravessa. 


Botões laranjas servem para quando nos esquecemos de atravessar. 


Na foto, o Opala do meu pai (que adoeci quando foi vendido e estrela da foto?), a ladeirinha de paralelepípedo da casa da minha avó materna em Itatiba (linda cidade), a Flamboyant que ainda não havia florido e eu florida de mim. Click.