José tinha tudo de seu dentro daquela casinhota. Tinha fogão de lenha, lençol com cheiro de limpo, passarinho nos galhos da goiabeira na beira da janela. Tinha Cícera de flor no cabelo. Tinha Cícera cosendo. Tinha Cícera pregando os botões da sua camisa. Tinha Cícera... Tinha os meninos seus e de Cícera correndo descalços, levantando poeira na estrada. Tinha cheiro de feijão de corda cozido. José tinha tudo. E trabalho duro na roça também. Ele não sabia mas comia batata com gosto de batata. E tinha Cícera de peito suspirado à sua espera. Tinha também na cabeça que achava difícil aquela vida no mato sem conhecer outra. Tinha também de voltar da lida todo dia pela estrada parando de armazém em armazém com o cachorro faísca acompanhando atrás. Tinha de ir engolindo cachaça com poeira e amargura para esquecer do que tinha. José... Coitada de Cícera e da vida no mato. José vivia mais era de ter que afogar peixe pro almoço... Todo dia.
De José e Cícera temos um pouco todos nós. De vazios e vontade de enchê-los vamos nos encontrando...
Um beijo meu, Zíris!
P.S.: A Pipa me deixou tocar o teu carinho por ela. Gostei tanto que usei como introdução para meu último texto: http://re-nascimentos.blogspot.com/2012/01/entre-tenues-notas.html. Lá está minha gratidão, as duas por terem almas tão bonitas e igualmente generosas.
Mas não é só ele. Então, se as contas estão em dia e a saúde dos que amamos, também, melhor assumir que se é feliz. Para não se descobrir isso quando já não mais se é.
Cícera... e ela, tinha José?
ResponderExcluirNossa, achei a foto linda, foi você quem tirou?
É impressionante como tanto tudo pode não completar.
ResponderExcluirEu acho que todo homem já nasceu José. Ou todo José, homem.
ResponderExcluirTinha você de flor no cabelo. tinha você.
Feliz 2012 Zi, Deus continue te abençoando com esse dom. Felicidades.
Abraço de urso
José tinha que aprender a olhar para o todo, mas não conseguia ver.
ResponderExcluirÓtimo 2012 Ziris!!
Bjos
Sofia!
ResponderExcluirNão, Cícera não tinha a José, que tinha além de muito vasto buraco em si, a vontade de enchê-lo.
Não Sofia, a foto não foi registrada por mim, mas linkei o Flickr do autor. Dá um olhada lá, ele é muito bom.
Um beijo pra vc! Obrigado por vir e volte.
Dinha!
ResponderExcluirPode deixar, eu irei. Bjs
Beré e seus subterfúgios...
ResponderExcluirImagina que exista quem veja o que possui??? Existe.
Um beijo
Carol!
ResponderExcluirJosé não tinha as lunetas que possuímos no olhar... Que pena da Cícera e da vida no mato.
Te abraço forte querida...
De José e Cícera temos um pouco todos nós.
ResponderExcluirDe vazios e vontade de enchê-los vamos nos encontrando...
Um beijo meu, Zíris!
P.S.: A Pipa me deixou tocar o teu carinho por ela. Gostei tanto que usei como introdução para meu último texto: http://re-nascimentos.blogspot.com/2012/01/entre-tenues-notas.html. Lá está minha gratidão, as duas por terem almas tão bonitas e igualmente generosas.
"-Vamo voltar pra casa Bento Portifírio!?
ResponderExcluir-Já já.
- É só o tempinho deu pegar aquele dourado dançante que prancheou ali agorinha mesmo!"
Guimarães Rosa
A maneira como suportamos o vazio é o que determina se merecemos que ele se encha.
E tendo aprendido com esta guia espiritual à distância.
Te amo, Ciça!
José é feliz e não sabe.
ResponderExcluirMas não é só ele. Então, se as contas estão em dia e a saúde dos que amamos, também, melhor assumir que se é feliz. Para não se descobrir isso quando já não mais se é.
Beijo, Zi
Ahh esse José.
ResponderExcluirGosto desses minicontos trazem tantos regressos nossos, né?
Beijos