Silêncio...
Algum silêncio, é tão mais alto quanto o abraço do sol no rosto de um preso.
Silêncio
não é a falta de ruído mas é ele demais.
E só o silêncio pode entender-se com
outro silêncio. Um momento onde entrelaçamos uma canção que não nasceu para ser
ouvida. E é dentro deste pequenino espaço, que acontece a maior comunicação do
universo.
Uma criança sozinha no pátio é um grande abalo. Um mendigo dormindo
ao relento, um enorme estrondo que trinca o asfalto amigo. Um vaga-lume buzina sua engrenagem genética na escuridão, um verde-som.
Tudo isso eu penso, enquanto troco os meus silêncios por
uma porção de vislumbres. E ajeito o olhar junto às compensações diárias, antes
de tomar coragem para contar minha rotina ao meu pai que, silencioso, medita um
destino mais digno ao parafuso abandonado no chão à sua frente. Nós não nos ‘encontramos’
muito. Eu poderia evaporar instantaneamente,
não fosse entender que é bem ali, que eu esteja ganhando um grande momento
junto dele.
As memórias gravadas rente
as paredes são um profundo falatório. E como debatem-se. E como me chamam. O
relógio torto na parede. A festa de há dois anos. A mesa posta pra um. A camisa
dele que ficou faltando botão... Que ficou. É ensurdecedor. Do fim para o começo, o amor é um grande silêncio que escrevo
cada vez mais baixo. O silêncio me entende que nem. Arrisquei tantos pontos
finais para terminar frases silenciosas que fiquei vírgula. Mas apenas, como ponto final que escorreu. E este é outro grande barulho.
Fotografia | Jim Herrington
Na foto, piano Starck que Jerry Lee Lewis ganhou de seus pais aos 10 anos de idade.
A gente sempre termina vírgula, né Zii.
ResponderExcluirNo silêncio me reencontrei e fiz de minha morada predileta.
ResponderExcluirBeijos!!
Fiquei muito tempo com ele, o silêncio, e soprou nos meus ouvidos o segredo da vida.
ResponderExcluirbeijos Zi!
Se foi o silêncio que te permitiu achados como "ponto final que escorreu", entre outros neste texto, viva o silêncio.
ResponderExcluirBeijos
A gente tem é que transformar saudade em lembrança boa, porque viver de saudade não dá.
ResponderExcluirO silêncio parece reafirmar o que já se sabe e fazer disso algo mais profundo na alma.
ResponderExcluirtaquipariu cabeçinha boa essa ein...
ResponderExcluirZi, era pra ser triste? Mas como ficou bonito isso aí ein cara. Vê se me guarda numa das suas paredes. Ter que ficar te lembrando de mim é um barulho ainda maior.
ResponderExcluirTe cuida.
Deixe-me fazer aquela pose característica de esfinge egípcia. Vou falar baixinho porque receio que as paredes de teu silêncio tenham ouvidos...
ResponderExcluir"Arrisquei tantos pontos finais para terminar frases silenciosas que fiquei vírgula. Mas apenas, como ponto final que escorreu."
Zi,
Nunca pensei que pudesse presenciar alguém tocando um piano fechado. Parece que ele ainda toca ali, mesmo estando solitário, velho e quebrado.
Não era um piano. Era um coração o que os seus dedos estavam tocando.
Te abraço até perder as forças.
Sua, para sempre,
Pipa.
Respondendo a sua pergunta...
ResponderExcluir"Tem alguém aí?"
Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmm!Acha que mandei bem? Ou faltou um pouco de ênfase no i?!
a voz do silêncio - instrumentos a rasgar a pauta com cordas extenuadas.
ResponderExcluirbeijinho!
"As cascas das árvores crescem no escuro
ResponderExcluirAs cascatas a 24 fotogramas por segundo
Os vocábulos iridescem
Os hipotálamos minguam
Tudo é singular"
Fui uma criança barulhenta, acharam que eu levava jeito para a música. Deram-me uma flauta transversal que, em verdade, era uma extensão do meu corpo. Mas não deu certo.
Hoje, necessito do silêncio para servir de guia. Sinestésica que sou, me adapto a todos os sentidos.
Abraços (adorei teu espaço, e voltarei).
O silêncio são reticências nuas numa tangente diante do Céu.
ResponderExcluirUm beijo,
Fer.