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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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sábado, 21 de julho de 2012

Tem alguém aí?


Silêncio... 


Algum silêncio, é tão mais alto quanto o abraço do sol no rosto de um preso.
Silêncio não é a falta de ruído mas é ele demais. 
E só o silêncio pode entender-se com outro silêncio. Um momento onde entrelaçamos uma canção que não nasceu para ser ouvida. E é dentro deste pequenino espaço, que acontece a maior comunicação do universo. 

Uma criança sozinha no pátio é um grande abalo. Um mendigo dormindo ao relento, um enorme estrondo que trinca o asfalto amigo. Um vaga-lume buzina sua engrenagem genética na escuridão,  um verde-som.
Tudo isso eu penso, enquanto troco os meus silêncios por uma porção de vislumbres. E ajeito o olhar junto às compensações diárias, antes de tomar coragem para contar minha rotina ao meu pai que, silencioso, medita um destino mais digno ao parafuso abandonado no chão à sua frente. Nós não nos ‘encontramos’ muito.  Eu poderia evaporar instantaneamente, não fosse entender que é bem ali, que eu esteja ganhando um grande momento junto dele.

As memórias gravadas rente as paredes são um profundo falatório. E como debatem-se. E como me chamam. O relógio torto na parede. A festa de há dois anos. A mesa posta pra um. A camisa dele que ficou faltando botão...  Que ficou. É ensurdecedor. Do fim para o começo, o amor é um grande silêncio que escrevo cada vez mais baixo. O silêncio me entende que nem. Arrisquei tantos pontos finais para terminar frases silenciosas que fiquei vírgula. Mas apenas, como ponto final que escorreu. E este é outro grande barulho.





Fotografia | Jim Herrington

Na foto, piano Starck que Jerry Lee Lewis ganhou de seus pais aos 10 anos de idade.



13 comentários:

  1. A gente sempre termina vírgula, né Zii.

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  2. No silêncio me reencontrei e fiz de minha morada predileta.
    Beijos!!

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  3. Fiquei muito tempo com ele, o silêncio, e soprou nos meus ouvidos o segredo da vida.

    beijos Zi!

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  4. Se foi o silêncio que te permitiu achados como "ponto final que escorreu", entre outros neste texto, viva o silêncio.

    Beijos

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  5. A gente tem é que transformar saudade em lembrança boa, porque viver de saudade não dá.

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  6. O silêncio parece reafirmar o que já se sabe e fazer disso algo mais profundo na alma.

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  7. Anônimo24.7.12

    taquipariu cabeçinha boa essa ein...

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  8. Zi, era pra ser triste? Mas como ficou bonito isso aí ein cara. Vê se me guarda numa das suas paredes. Ter que ficar te lembrando de mim é um barulho ainda maior.

    Te cuida.

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  9. Deixe-me fazer aquela pose característica de esfinge egípcia. Vou falar baixinho porque receio que as paredes de teu silêncio tenham ouvidos...

    "Arrisquei tantos pontos finais para terminar frases silenciosas que fiquei vírgula. Mas apenas, como ponto final que escorreu."


    Zi,


    Nunca pensei que pudesse presenciar alguém tocando um piano fechado. Parece que ele ainda toca ali, mesmo estando solitário, velho e quebrado.

    Não era um piano. Era um coração o que os seus dedos estavam tocando.

    Te abraço até perder as forças.

    Sua, para sempre,

    Pipa.

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  10. Respondendo a sua pergunta...

    "Tem alguém aí?"

    Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmm!Acha que mandei bem? Ou faltou um pouco de ênfase no i?!

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  11. a voz do silêncio - instrumentos a rasgar a pauta com cordas extenuadas.

    beijinho!

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  12. "As cascas das árvores crescem no escuro
    As cascatas a 24 fotogramas por segundo
    Os vocábulos iridescem
    Os hipotálamos minguam
    Tudo é singular"

    Fui uma criança barulhenta, acharam que eu levava jeito para a música. Deram-me uma flauta transversal que, em verdade, era uma extensão do meu corpo. Mas não deu certo.
    Hoje, necessito do silêncio para servir de guia. Sinestésica que sou, me adapto a todos os sentidos.
    Abraços (adorei teu espaço, e voltarei).

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  13. O silêncio são reticências nuas numa tangente diante do Céu.
    Um beijo,
    Fer.

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