Ave Graças! Bendito anjo de asas degradê! Se ele não tivesse colocado a mão na frente na hora do soco eu estaria agora desfigurada... Ainda assim, tenho medo por mim e meu jeito desengonçado. Passei três dias tentando sentir raiva. Três noites engolindo o mal a seco. Deu-se que fiz força, espremi a palavra atravessada, saiu um riso. Valei-me, nasci para a distração. Quando dei por mim uma resenha de lembranças trajadas com folhas de urtiga, viraram a esquina sem olhar pra trás. E as boas, dirigiram-se à varanda, afim de acontecer de novo, papeando até a velhice delas. Tenho caçado jeito de choramingar as recordações part-idas mas as lágrimas emperram às portas dos olhos até secar. O criativo relógio na parede, contou setenta e duas horas torturando as tristezas nas mais doces palavras e até a última destas. E eu mal dou-me pelos dias que passaram, curioso isso! Meus nadas até a boca de vida. Afilado e cortês o fio que me separou de uma condição à outra. Cruzei a fronteira apenas num piscar, abrindo caminho com as mãos e um punhado de fé!
Ziris
...~...
"Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas."
Manoel de Barros