Ontem, esbarrei com 'ele' por aí... Depois de tanto tempo era a primeira vez que eu o entendia.
Afinal, ele nunca havia ido embora de mim. Partiu de si. Sem deixar um olhar que atestasse um passado, nenhum sonho sequer. Foi-se apenas. Verticalizado pela culpa. Olhar lambendo os sapatos... Talvez por isso, eu nunca descobri a quem entregar o meu adeus. Mas foi ontem, ao formarmos essa ponte de olhares que dá acesso ao dentro do outro, que por um cisco de momento ele pescou-se de volta. Bem dentro dos meus olhos estava a mais bela face dele. E então eu o reconheci. Ele havia voltado. Não para mim. Para si. Como um filho arrependido que retorna à casa, perdoado. Agora ele já podia pedalar livre pela vida, sem as 'rodinhas'. Entendemos isso. E creio eu, assim muito docemente. Podemos enfim, assistirmo-nos sumir pequeninos no horizonte da estrada um do outro, vagararosamente, até nos tornarmos uma delicada lembrança de um sonho que se realizou. Pois sonhos que se realizaram, cumpriram o avesso de ser apenas sonho, para ser qualquer coisa boa na lembrança.
E como eu, sei que é assim que ele gostaria de ser lembrado ou esquecido.
Põe delicadeza no que vai escrever e onde quer que me esqueças... Thiago Pethit
Inspirado em encontro real e também no belíssimo texto de Carmem: http://cacafarias.blogspot.com/2011/04/poe-delicadeza-no-que-vai-escrever-e.html ~ a quem abraço sempre e dedico.