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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre quedas e vôos



O menino havia perdido o olhar de ave. Culpa de um estilingue que o acertara num de seus passeios e por isso fora cair bem longe do ninho. Logo depois fui eu. Que caí pra outro lado. Aqui no chão, tem dessas coisas, de estilingue, palavras de fogo e gaiolas. E o não admirar-se de uma revoada de fim de tarde. Coisas difíceis de conceber. O fato é que desde então ele anda por aí sustentando uma tipóia, com os olhos varrendo o chão e a cabecinha a pensar imediatices. Sem asas é difícil pensar alto. Eu sei disso porque também fui arrebatada e agonizo uma cicatriz bem grande na asa esquerda. Mas eu sou destra de nascença, ele sabe que eu poderia lhe fazer um curativo permanente se ele deixasse. Mas ele só passa aqui fugindo, deve ser porque ainda não sabe direito quem o acertou. E pra quem já foi capturado, agora toda gailola é trancada. Prefiro acreditar que a pedrada causou uma tonteira passageira, do que na queda ele tenha batido a cabeça e perdido a memória. Enquanto isso fico aqui a piar o desencontro, quem sabe ele ouve de longe e tem saudades...
Será que ele ainda sabe que para dois voarem juntos, duas asas já resolve? 







5 comentários:

  1. "Quem não sonha o azul do vôo, perde o seu poder de pássaro"


    Né não?


    Beijos meus

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  2. Oi Ciganinha, amei seu post! Lenormand também é poesia!
    bjus e muita felicidades!
    Sonia(Tzara da Estrela)

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  3. deveria haver uma proteção contra estilingues, mas isso não dá, quando a pedra bate no peito queima mais que qualquer coisa.

    eu te sopro bons ares e um beijo!

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  4. Quem sabe um dias as pedras criam asas, rsss...bjus

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  5. Mas homem é burro velho sem freio. Todos somos um pouco assim. Um cabresto arrependido, uma rédea apertada no gogó, os olhos procurando a flor que deixou de regar, pra sempre.

    Daí vem a menina da vida dele e prega palavras de perdão num altar de poesia. Se ele não voltou ainda, é porque a sacudida doce das suas letras estão ainda operando mudanças. E se nunca voltar é porque ele nunca entendeu sua doçura.

    Parabéns, sou um amigo orgulhoso, um texto desses é de encher o olho. Porque você não é do tamanho da sua altura.

    ABraçoooo

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