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Aqui a poesia é amadora. A música e a fotografia, amadoras. Tudo dentro deste peito é amador.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Carta à Janeiro



Desta vez, trago-lhes notícias do mundo real.

Ele é muito real.


Nem tão feio quanto dizem e nem menos assustador do que pensávamos. Mas descontínuo e mais intrigante que o telescópio newtoniano. Há tanta ainda, mágica no ar, que eu poderia sufocar.

Agora, chove manso, o aroma que se desprende das folhas do esbelto eucalipto, invade as janelas que entardeceram de asas abertas. Só assim te escrevo. Quando o vento ganha  algum perfume.



Por falar em árvores, as que foram plantadas por toda a extensão da minha rua que tem nome de Lagoa, gosto de destacar, floriram. 

Uma vizinha palpiteira deu de me chatear dizendo que não eram plantas de florir, mas esta semana ao abrir a janela, alí estavam sorrindo rosa-claro.  Eu ralharia-lhe o engano, não fosse seu sumiço deveras oportuno. Cheguei até a pensar que flores eram seres extremamente vingativos e de audição apuradíssima. Não fosse pela chuva delas que tomei numa sexta-feira destas passadas, indo ao trabalho. Uma região de árvores centenárias. Ventava fresco e as florzinhas amarelo-ouro das altas Tibipuanas iam desprendendo-se de seus galhos, quase que em câ-me-ra  len-ta, e caindo por cima da vida da gente que passava. Por Deus, quase cantei o Hino Nacional! Há coisas que só acontecem neste país. Penso eu, em minha humilde bagagem de quem só visitou Piraporinha do Bom Jesus.

 Dalí em diante, pensei que em Janeiro eu seria feliz. Não que já não seja. Mas não é desta felicidade amiúde que eu falo. É bem outra. Ando até a conferir a sinastria, porque acredito que entre as doze constelações, uma combina com a minha.

Reformei algumas esperanças. Inventariei sonhos antigos por ordem de importância, não data. Comprei selos. Escreverei para longe e para aqui do lado.  Só pelo capricho de dar mais poesia à vida dos carteiros. 


E se o amor inquilino quiser entrar. Eu deixo ficar. 






Feliz 2013 gente!







8 comentários:

  1. Eu sempre gostei muito de janeiro. Acho que é quando mais dá pra ser feliz, não que não exista felicidade depois dele, mas é mais fácil, rs.

    Linda carta Ziris!
    Beijo.

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  2. Será que venta no céu Zi?

    Permita-me irmã, permita-me ficar de joelhos diante deste texto?!

    Eu li. Eu reli. Eu, meu Deus, eu, eu sim.

    A nuvem ermitona que havia saqueado a cor deste dia retornou para a sombra de onde veio. Sorri o azul. Sem qualquer vestígio de aborrecimento.


    Um abraço desamparado. rs..

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  3. Que lindo...
    Um Feliz 2013 pra você!

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  4. Ah,como eu queria ser Janeiro...Queria sim!

    Não sei se percebeu,mas me atrevi ao projeto do caalendário.De colocar todos os dias uma foto,e com isso escolher a melhor do mês;não sei se dará certo,mas é uma tentativa.
    Quero uma carta assim todo mês...
    Lindamente linda!

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  5. Eu também deixo.Mas eu quero que o amor chegue :)

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  6. Reli.

    Você é uma poetisa hipersensível Zi. Te ler é visitar a memória de Manoel de Barros, Guimarães Rosa e, desconfio, até Cristo. Se eu morrer primeiro, ao encontrá-los, prometo agradecê-los por tê-la colocado em meu caminho.

    Sua, para sempre, Pipa.

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  7. Sempre me impressiona como há vida do outro lado da janela.

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  8. Pipa Lídia ou Mana...

    Eu não tenho jeito com elogios, essa timidez... E agradeço o topete que teve em falar na memória do Rosa que de parecido temos, ele a mãe e eu a Avó: Chiquita, a genialidade ficou naquelas páginas dele. Já os outros dois... Eu diria: Jesus, a Mana pirou.

    Ainda assim, obrigada.

    Um beijo, Zi

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